Ninguém conseguiria prever no início de 2020 que teríamos um ano tão duro. Aproximadamente 200 mil pessoas tiveram suas vidas ceifadas pela Covid-19 no Brasil, em uma pandemia que desnudou a realidade de uma economia excludente, o capitalismo, que se aproveitou da crise sanitária em escala mundial para aumentar ainda mais a exploração e a opressão sobre as trabalhadoras e trabalhadores enquanto um punhado de bilionários aumentou ainda mais suas riquezas. A desigualdade social e baixo investimento na saúde pública se intensificou. Vínhamos de grandes mobilizações também em escala mundial como no Chile, Bolívia, na França contra a retirada de direitos e ataques a conquistas histórica, aqui no Brasil estávamos em mobilizaçoes. Com o aumento da crise econômica somada a Pandemia milhares de trabalhadores e trabalhadoras foram demitidos elevando o número do desemprego, nas filas dos hospitais diversos brasileiros e brasileiras esperavam em longas filas por vagas nós hospitais e respiradores. Dezenas de milhares de pessoas se foram, vítimas de um vírus, mas também de um governo genocida, negacionista e entreguista. Nos estados e municípios, governadores e prefeitos reabriram o comércio, aplicando a política do “liberou geral” por pressão de empresários, porque para estes o lucro tá acima da vida, quiseram abrir escolas como o último aval de que tudo estava normal; ainda que centenas de pessoas morressem diariamente, vítimas da Covid-19.
No Recife e em nossa categoria especificamente vínhamos de uma greve muito forte, enfrentando corajosamente uma prefeitura intransigente e a serviço das empreiteiras e do Banco Mundial. Entramos fortes num movimento grevista que arrancou, com as escolas fechadas, o pagamento do piso na carreira. Fizemos história: professoras e professores foram às ruas exigir melhores condições de ensino, valorização profissional e concurso público. Com forte adesão, a greve entrou para a história pela força que teve, com mulheres a frente e pautando a defesa da educação pública e valorização profissional.
A manutenção do isolamento social reorientou o nosso movimento de greve, que por força maior foi encerrada; e o acordo que garante o nosso piso na carreira, assinado junto ao governo.
A mesma gestão Geraldo Julio(PSB/PCdoB) que havia aprovado o aumento de 70% no salário do próximo prefeito, utilizou-se do argumento bolsonarista de não aumento aos servidores durante a pandemia; e desonrou o compromisso firmado com a categoria, não pagando o piso. Nós, professores e professoras cumprimos o isolamento social e, sendo uma imensa maioria de mulheres, somos as mais responsáveis financeiramente e pelos cuidados com a casa, crianças e idosos. O descumprimento do acordo salarial foi um golpe em uma categoria que foi extremamente afetada pelos efeitos da pandemia.
A ofensiva de desmoralização do PSB com a categoria e o seu sindicato não foi capaz de desorganizar a nossa luta: em isolamento social, assembleias importantes aconteceram, paralisações das atividades remotas, carreatas, plenárias e debates. Outdoors, carro de som, propagandas na televisão: nossa categoria resistiu. A nossa mobilização fez com que as escolas continuassem fechadas, ainda que Geraldo Julio, do PSB insistisse em discutir protocolos de reabertura, foi a nossa resistência que garantiu que professores e professoras e o conjunto da comunidade escolar continuasse em isolamento social. E é com este espírito que entraremos em 2021: certos de que estaremos juntos, e mobilizados. Um novo prefeito assume a gestão, mas com cara de continuidade. João Campos logo conhecerá a disposição de luta desta categoria, que não baixa a cabeça para governos e resiste.
Sabemos que este foi um ano de perdas de entes queridos, sentimos a ausência de tantos professores e professoras vitimados pela Covid-19, assim como dos nossos funcionários do SIMPERE, D. Neide e Seu Eduardo; e sempre lembraremos de todos eles com carinho. Nossos votos para 2021 são os da vacina e que, mobilizados, derrubemos o governo Bolsonaro/Mourão, arranquemos o piso salarial na carreira e o futuro de dias melhores. Boas festas a todos e todas!
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