Professoras e ativistas em geral realizam protesto na audiência do caso de Sandra e Icauã

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Na tarde da última quarta-feira (11/03) foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento do caso de Sandra Fernandes e Icauã Rodrigues. Mãe e filho foram cruelmente assassinados, no dia 17 de fevereiro de 2014. Marcos Aurélio Barbosa era namorado de Sandra e foi preso em flagrante em casa dormindo. Ele alegou ciúmes.

Como não podiam deixar de ser, o dia foi marcado com um forte protesto. Cerca de 100 pessoas estiveram em frente ao Fórum de Olinda. Com cartazes e faixas os manifestantes exigiam justiça, o fim do feminicídio e a destinação de 1% do PIB para o combate a violência contra mulher. Estiveram presentes professoras que militaram junto com Sandra ou que lecionaram nas escolas com ela, além de amigos, companheiras e companheiros dos movimentos.

Para a coordenadora geral do Sindicato dos professores de Recife – SIMPERE, Eunice Nascimento, é fundamental continuar acompanhando o caso de perto. “Nossa guerreira foi tirada de nós, junto com seu filho, de forma covarde. O SIMPERE vai acompanhar cada passo deste processo. Não vamos esquecer o que esse assassino fez. Também não vamos nos calar, pois diante da triste realidade machista é preciso fortalecer o combate à violência contra a mulher”, esclarece Eunice. Sandra era coordenadora de Assuntos Jurídicos do SIMPERE, militante do Movimento Mulheres em Luta (MML) e do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).

A audiência


Essa foi a primeira audiência de instrução e julgamento do caso de Sandra e Icauã. Nela se colhe as provas orais, com depoimentos das partes e das testemunhas. Neste dia foi ouvido o filho mais velho de Sandra, dois policiais que atenderam o chamado e conduziram o acusado em flagrante à delegacia e um vizinho que viu o réu sair do apartamento e que primeiro entrou no local.O acusado, que é réu confesso, não prestou depoimento, pois a promotora Maria Carolina Jucá, que está representando o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e quem irá conduzir o julgamento, solicitou o interrogatório de mais duas testemunhas. Junto a isso, a promotora está aguardando a perícia do ambiente que foi acometido o crime e do instrumento utilizado para inserir no processo.

 “Estamos unindo esforços para que o resultado do processo seja o que a gente espera, com o peso e as medidas proporcionais à agressividade do crime. Quando Marcos assassinou Sandra e Icauã ele não só fez uma ação contra eles, mas também em relação ao discurso de vida dela. Ele sabia e acompanhava as atividades contra a violência machista que Sandra participava. Ele não só calou Sandra, mas todo o discurso que ela defendia por isso o movimento feminista precisa continuar acompanhando e pressionando para que a justiça seja feita”, afirmou Maria Rita, advogada assistente de defesa.

Nova audiência de instrução

A próxima audiência acontecerá no dia 8 de junho, também no Fórum de Olinda, às 15h. Tudo indica que será a última audiência antes do júri, onde ocorrerá o julgamento feito pelos jurados, cabendo ao juiz a definição da pena. O SIMPERE, O MML e demais organizações feministas e classistas continuarão acompanhando o caso.

Na luta contra o machismo: Somos Todas Sandras! Somos todas mães de Icauã!


O Movimento Mulheres em Luta (MML) lançou uma campanha este ano que reivindica a destinação de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) para o combate à violência contra a mulher. O movimento está realizando um abaixo-assinado exigindo mais orçamento por parte do governo Dilma (PT). Atualmente é gasto apenas R$ 0,26 por mulher ao ano, um valor insignificante diante dos dados alarmantes que mostram que a cada duas horas uma mulher é assassina no país. Nesta triste realidade, Pernambuco está entre os dez estados mais perigosos para mulheres, segundo dados do IPEA de 2013. Ele ocupa a 5ª posição do ranking nacional.

“Nacionalmente, Sandra e Icauã se tornaram um símbolo para todo o movimento feminista. Sandra era nossa companheira e Icauã nosso companheirinho. Todas nós ainda sofremos muito com tudo isso e é essa dor que precisa, cotidianamente, ser transformada em luta. O machismo mata e por isso afirmamos que não basta ter uma mulher na presidência. Tem que se investir em políticas públicas para que as mulheres se fortaleçam e denunciem a violência que sofrem todos os dias”, declarou Fátima Oliveira, do MML.

 

 

 

 

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